É muito comum as pessoas perguntarem como é  exatamente o trabalho dos psicoterapeutas, ou seja, o que fazem em especial os psicoterapeutas  para o bem da saúde mental de seus clientes? Neste texto, procuro responder essa  pergunta do meu ponto de vista, o que inclui a influencia da Abordagem Centrada  na Pessoa no meu modo de atuar como psicoterapeuta e minhas percepções e  observações da prática junto aos meus clientes. Acredito que a resposta que  elaborei merece ser compartilhada com os colegas e interessados para ser  criticada e aperfeiçoada. O objetivo aqui não é opor e nem trazer algo de muito  diferente do que já foi dito pelos estudiosos da abordagem, mas argumentar e  ilustrar a questão a partir da minha perspectiva experiencial. Procurei  responder como faço o trabalho e qual efeito ele tem no cliente de uma forma  próxima da experiência vivencial, tanto do meu ponto de vista quanto do que  presumo que seja o ponto de vista dos clientes.
Nessa perspectiva, o meu trabalho como psicoterapeuta centrado na  pessoa é principalmente agir como um facilitador para que o cliente experiencie,  simbolize e expresse em profundidade. Aqui, experienciar significa perceber as  sensações corporais pré-simbólicas (não racionalizadas, como um frio na barriga  mediante ao perigo); simbolizar significa encontrar significado e identificar  sentimentos para a experienciação, e expressar significa comunicar a  simbolização, ou seja, os sentimentos identificados. Experienciar, simbolizar e  expressar produz efeito terapêutico nos clientes de transformação de problemas,  conflitos, sofrimentos e qualquer tipo de transtorno em algo mais digerível e  assimilável. Dessa forma, a psicoterapia colabora com os processos naturais de  cura e desenvolvimento da pessoa. Além disso, há diminuição da necessidade e  urgência de praticar ativamente atos que podem ser agressivos contra si e contra  outros, como também, redução da possibilidade de, passivamente e não  conscientemente, gerar ou produzir doenças psicossomáticas. Já foi dito que quem  simboliza não atua!
Assim, o meu norte como psicoterapeuta é colaborar com os meus  clientes para que eles experienciem vivencialmente, simbolizem  significativamente e expressem comunicando-me completamente seus sentimentos.  Para tanto, busco me posicionar mediante meus clientes procurando aceitá-los  incondicionalmente e estimulando a realização desses processos. Entendo que devo  me posicionar facilitando esses processos vivenciais e, para tanto, busco  oferecer aos clientes: aceitação incondicional (os clientes são  incondicionalmente merecedores de respeito e solidariedade só por serem humanos,  semelhante a mim mesmo); congruência (me apresento como um ser humano diferente  do cliente, mas buscando ser coerente e verdadeiro comigo mesmo e com os  clientes); e empatia (apesar das diferenças pessoais entre eu e os clientes,  busco igualdade  suficiente para  compreende-los profundamente nas suas vivências e sentimentos. Procuro me  posicionar como interessado e participante das  experienciações, simbolizações e expressões dos meus clientes e, quando estes  têm dificuldades nesse sentido, arrisco assumir o papel de tentar experienciar,  simbolizar e expressar por eles, como se eu fosse os próprios clientes, numa  tentativa de clarificar seus sentimentos para eles mesmos. Faço dessa forma para  ajudar meus clientes a aprofundar suas vivências e sentimentos. Entendo que  muitas vezes, mesmo quando eu não acerto  ao me arriscar vivenciar e sentir no lugar dos  clientes, essas tentativas geram neles estímulos para eles próprios irem mais  fundo e aumentar a qualidade de suas experienciações, simbolizações e  expressões.
Experienciar, simbolizar e expressar não muda os fatos, não cessa  sofrimentos e não resolve problemas, embora saibamos que é comum surgir boas  ideias solucionadoras em seguida, mas sempre transforma os sentimentos e os  sofrimentos em algo mais digerível pelo organismo. Esses três processos  conjugados funcionam como um tipo de analgésico e, aquilo que doía mais passa a  doer menos e, com menos dor, fica mais fácil retomar controle, assumir  responsabilidades e encontrar coragem para tomar decisões e a direção da própria  vida. Essa postura de assumir responsabilidades, por sua vez, contribui com o  aumento da força natural interior de superação e progresso. Assim, forma-se um  “ciclo virtuoso” que, ao aliviar os sofrimentos, aumenta a possibilidade de  superação, o que alivia ainda mais os sofrimentos abrindo maiores possibilidades  para o bem estar. Embora sentimentos sejam tão particulares e individuais,  experienciá-los, simbolizá-los e expressá-los em profundidade ajuda  significativamente o processo de recuperação da saúde ou mesmo cura e do  desenvolvimento de qualquer pessoa.
Parabéns pelo artigo! Acredito que o que faz a diferença e que promove a mudança , a melhora, a"cura " seja aceitação incondicional do terapeuta, onde o cliente se vê incondicionalmente aceito por um outro e por isso se sente encorajado aceitar a si mesmo acolhendo o seu processo interior, sua história de vida , sentimentos do jeito que eles realmente são. Abraços. Ana Vilma
ResponderExcluirInteresante y claro. Me parece que debemos escribir sobre nuestro trabajo en general. La psicologìa màs cercana,cotidiana y accesible
ResponderExcluirDirect message sent by apoyojovenes (@PsicoApoyo) to you (@zerdor) on Mar 13, 7:40 PM.
PsicoApoyo - apoyojovenes
Rodrigo, gosto do seu jeito de dizer coisas profundas e complexas de maneira clara e passível de ser entendida por leigos. Parabéns! Abraços cariocas/ Marcia Tassinari
ResponderExcluirRodrigo,
ResponderExcluirgostei muito do que li, uma linguagem acessivel e direta, que fala desta pratica tao humana com um toque de Divindade.
Obrigado pela partilha,
Cláudio